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"Me formei. E agora?" conheça a história de Camila Bastos

  • feanoticiasonline
  • 27 de mar. de 2017
  • 4 min de leitura

Como sabemos, os 5 anos (ou mais) de formação em engenharia de alimentos são de incansáveis descobertas e novos interesses a todo momento.

Quando terminamos a faculdade, vem à pergunta: E agora, qual o próximo passo? Essa dúvida é muito comum nesse período, afinal você terminou uma etapa muito importante. Mas sabemos que essa jornada não acaba aqui, precisamos estar preparados para seguirmos a vida no mercado de trabalho e realizar nossos sonhos.

A decisão dos próximos passos depende muito dos seus desejos de carreira e vivência profissional. Existem muitas possibilidades para você se dedicar com o término da Faculdade.

Pensando nisso preparamos entrevistas com ex-alunos da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UFPa para contarem um pouco de suas experiências e, quem sabe, ajudar a clarear mais o caminho de quem acabou de se formar.


Esta semana nossa convidada foi Camila Bastos, sócia fundadora da empresa de chocolates de origem NAYAH, engenheira de alimentos e mestrado em ciência e tecnologia de alimentos.



1) Por que você quis fazer o curso? Quais eram as suas expectativas?


Quando fiz vestibular, o curso de Engenharia de Alimentos era novo, com apenas 2 turmas ingressadas. Meu pai, que é Engenheiro Químico e professor da UFPA, me apresentou o curso na época. Gostei do que li e aprendi sobre a Engenharia de Alimentos e decidi que era o que realmente queria. Uma coisa que também contou muito a favor foi o fato de que o curso era novo, então havia muita demanda e oportunidade.

2) Depois de formada como foi o a busca do primeiro emprego? Você se sentiu preparada?


Ao me formar, optei por logo fazer mestrado, pois já tinha um projeto iniciado no meu TCC, sob orientação do Prof. Dr. Hervé Rogez, e nós queríamos dar continuidade a este trabalho. Quando finalizei o mestrado, logo tive a oportunidade de participar de um processo seletivo para trainee da Companhia Refinadora da Amazônia (Grupo Agropalma) e este foi meu primeiro emprego. Eu saí da universidade com um perfil bem acadêmico, então fiquei um pouco receosa quando iniciei minha carreira profissional na indústria, mas ao mesmo tempo o desafio me estimulou a enfrentar esta nova realidade.



3) Como foi a adaptação da vida de estudante para a indústria?


Tive muita sorte de ter iniciado na indústria através de uma empresa de beneficiamento de óleo de palma, pois meu gestor, Homero Souza, além de ser uma das referências mundiais no setor de óleo de palma, também foi um gerente que me orientou de todas as formas para que eu me adaptasse a esta nova realidade.

Além disso, a empresa sempre proporcionou diversos treinamentos para desenvolvimento dos colaboradores, então entrei como trainee e saí como Engenheira de Alimentos, e durante este período me tornei auditora interna das normas ISO 9001, 14001, 22000 e OHSAS 18001, participei da equipe de Segurança de Alimentos e tive a oportunidade de auditar fornecedores, enfim, foi um período muito produtivo profissionalmente.

Posteriormente surgiu a oportunidade de participar da equipe de implantação de uma fábrica de beneficiamento de coco em Conde, BA. O projeto era grande e muito desafiador. Fui a sexta colaboradora da fábrica e pude participar de todas as etapas, como construção, testes em fornecedores para escolha das linhas de envase, desenvolvimento de produtos, implantação de rotinas, startup de linha de produção, etc. Foi uma experiência única!



4) Para você quais as vantagens da engenharia de alimentos sobre outras carreiras?


Não digo que há vantagens e/ou desvantagens, e sim carreiras diferentes e cabe a cada um de nós entender em qual carreira o nosso perfil se enquadra melhor. É importante avaliar quais são as possibilidades dentro de cada carreira para mensurar os desdobramentos das nossas escolhas.



5) Atualmente, você possui sua própria empresa de chocolates de origem. Quais motivos levaram você a decidir pelo empreendedorismo?


Quando eu fui participar do projeto na Bahia, uma das minhas metas era voltar para Belém com capital para investir em um empreendimento. Perto do meu retorno, Luciana Centeno, que hoje é minha sócia, me apresentou a NAYAH, que na época era um projeto acadêmico liderado por ela, e a oportunidade de transformarmos juntas o projeto em empresa. A partir de então, meu foco foi a concretização da empresa e foi quando eu mergulhei no mundo do empreendedorismo.



6) Quais os maiores desafios do empreendedorismo e como a sua formação ajuda no seu dia a dia.


Os desafios são muitos e diários. Como a empresa ainda é pequena, temos que estar atentas a tudo, desde compras até comercial, passando por financeiro e RH. Então acho que o primeiro grande desafio é conseguir entender um pouco de tudo para os processos poderem fluir sob nossa gerência. Ser Engenheira de Alimentos facilitou muito desde o início, quando tivemos que desenhar o layout da fábrica e, uma vez a fábrica operando, nossa formação ajuda a gerenciar a produção, o controle de qualidade, a implantar controles e rotinas, enfim, tudo o que uma fábrica requer.



7) A NAYAH trabalha exclusivamente com chocolate de origem, você poderia explicar um pouco o que isso significa? E a importância dessa característica para qualidade do produto.


Os chocolates NAYAH são chocolates finos e de origem. Quando falamos em chocolates de origem estamos nos referindo àqueles produzidos com cacau de uma única região, o que é atualmente uma tendência. Assim como o vinho, o chocolate apresenta características específicas dependendo da região de procedência do cacau, o seu “terroir”.

A NAYAH trabalha exclusivamente com amêndoas de origem Amazônica, com parceiros nas regiões de Tomé-Açu, Ilha do Combu, Medicilândia, Barcarena e Tucumã.

Lançamos, inclusive, uma linha chamada Terroir Amazônia durante o Festival Internacional do Cacau e Chocolate de 2016, cujo objetivo foi justamente demonstrar as diferenças sensoriais de chocolates produzidos com amêndoas de regiões distintas. Para esta linha, trabalhamos com as amêndoas dos locais que citei acima e fizemos uma formulação 70% para todas. Foi muito interessante ver como o chocolate ficou sensorialmente diferente, embora tenha sido utilizada a mesma formulação para todos e, mais interessante ainda, foi a percepção do consumidor sobre as particularidades de cada chocolate.



8) Você gostaria de dar algum conselho para quem está começando agora?Algo que você gostaria que tivessem lhe falado quando você começou.


Meus conselhos seriam: durante a graduação, se dedicar com afinco, fazer cursos na área, dominar outro idioma (de preferência inglês), participar da iniciação científica e estagiar em indústria; após a conclusão do curso, realizar uma pós graduação e buscar sempre novos desafios.



 
 
 

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